O milionário Bruce Wayne foi acusado pelo assassinato da ex-namorada Vesper Fairchild e enviado para a prisão de Blackgate sem direito a fiança. Os Vigilantes de Gotham se debatem entre procurar as provas de que ele não é culpado - para convencerem a si mesmos - e o afastamento que Wayne impôs entre ele e seus amigos. Até o dia em que Bruce foge da prisão e decreta que, a partir de então, só o Batman existe.
Cada capítulo da saga Fugitivo ficou sob responsabilidade de uma equipe de roteiristas e desenhistas diferente, o que acabou provocando um desnível muito grande entre um e outro. Algumas partes ficaram sem continuidade ou difíceis de acompanhar o sentido. A Vigilante Caçadora simplesmente some, sem explicação. Dá a nítida impressão que fizeram ali uma versão quadrinística do Ena-Contistas mas sem coesão ;o)
A reconstituição do crime feita pelo Asa Noturna [Dick Grayson] e Batgirl [Cassandra Cain] é o ponto forte da minissérie. O trabalho de investigação levado pela bat-equipe foi o que segurou o meu interesse. E, claro, o fato de que muita informação de Fugitivo serve para compreender a saga Silêncio [Hush, Jeph Loeb/Jim Lee], que termina agora em julho.
"Como sempre comento por aqui sobre meus livros, vamos aos atualmente em curso de leitura:
-Terra dos Homens - Antoine de Saint Exupéry
Eu tinha lido recentemente "vôo noturno" e adorei, este outro vai no mesmo viés, descrevendo as nuances da profissão de aviador e tecendo comentários sobre a natureza humana de uma forma extremamente sensível e poética.
-Sobre a literatura - Umberto Eco
Coletânea de ensaios do italiano sobre temas ligados à literatura. Desde apreciações a livros e autores até considerações sobre símbolo, forma e outros aspectos técnicos. Muito bom.
-Limite Branco - Caio Fernando Abreu
Dando continuidade ao meu "ciclo" Caio Fernando Abreu, ou CFA para os íntimos, consegui achar por acaso esse livro e não resisti, apesar de já estar lendo vários títulos (como vcs podem ver).
-Sobre o nomadismo: vagabundagens pós-modernas - Michel Malfesoli
Esse eu já estava precisando ler há algum tempo, penso em usá-lo na minha monografia de fim de curso (o tema vai girar em torno da situação jurídica do estrangeiro).
Comentei isso com uma amiga minha e ela me deu o livro de presente, ontem à tarde!
-Caio Fernando Abreu, a metrópole e o estrangeiro - Bruno Souza Leal
Esse é daquela coleçãozinha de teses de mestrado. Eu fui ontem à noite na livraria comprar um livro pra dar de presente à amiga que tinha me dado o livro de Malfesoli. Não achei o livro que queria dar pra ela e terminei achando esse que, de novo, não resisti e comprei.
Abraços
Con (que tem muuuuuuuuuuuuuuito o que ler nos próximos meses)"
Desculpem a falta de inspiração, mas acabei de ouvir na rádio Nacional a música Construção de Chico Buarque, que sempre me impressiona pela capacidade que o compositor tem de misturar crônica e poesia. Não me lembro de conhecer outra música brasileira tão forte quanto essa ecuja técnica seja tão perfeita, uma verdadeira construção com as palavras. Me arrepio sempre que ouço. E gosto da gravação original que tem, no final, a música incidental "Deus lhe pague".
Algumas músicas têm o poder de nos tirar da realidade e outras de nos jogar, sem dó nem piedade, nela, como é o caso de Construção. Alguém conhece outra assim?
Segue a letra de Construção:
Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado
quarta-feira, junho 30, 2004 ::: Aparecida Silvino: na rede
Conheci a Apá e o seu trabalho no tempo em que ainda tinha tempo de participar da M-musica, esse grupo maravilhoso de artistas e apaixonados da música, criado e administrado pela Nana. Depois de um tempo e alguns contatos chegou-me as mãos esse cd lindo, delicioso de se ouvir o tempo todo, com leituras inesperadamente graciosas de canções como É tão bom (Luiz Caldas), e clássicos como A Voz do Dono e o Dono da Voz (Chico Buarque), além de composições próprias que enchem de prazer a mente e o coração.
O cd Presente pode ser ouvido e apreciado aqui. Valeu, Conde!
terça-feira, junho 29, 2004 ::: Bruce Wayne: Assassino?
Desde que Bruce Wayne viu seus pais serem mortos quando ainda era criança, ele devotou sua vida a se tornar o Batman e combater o crime sem nunca utilizar uma arma de fogo.
Ao fim de uma noite comum de ronda em companhia de Sasha Bordeaux, guarda-costas de Bruce e membro da bat-equipe, ambos descobrem que a jornalista Vesper Fairchild foi espancada e assassinada a tiros na Mansão Wayne. Vesper é ex-namorada de Bruce e uma ligação para o telefone de emergência da polícia de Gotham indica que o milionário é o assassino.
Começa aí uma das sagas mais angustiantes para quem é fã do Cavaleiro das Trevas. A prisão de Bruce Wayne traz o mordomo Alfred Pennyworth de volta à mansão para colaborar com a bat-equipe - que nessa altura conta com Oráculo, Asa Noturna, Robin, Batgirl e Caçadora, com uma mãozinha da Canário Negro.
O grande trunfo do roteirista Greg Rucka foi plantar a semente da dúvida na cabeça do leitor *e* dos ajudantes de Batman: nós sabemos que ele não matou a jornalista, mas ele poderia. As pistas apontam diretamente para ele.
Ontem assisti ao filme Dom, com Maria Fernanda Cândido, Marcos Palmeira e Bruno Garcia. O filme, como era de se esperar, é infinitamente mais fraco que a célebre e aclamada obra original de Machado de Assis, mas não deixa de ser interessante a idéia da transposição para a "mudernidade" da história machadiana. Bento, no filme, continuou Bento, apelidado Dom, por causa do livro; Capitu virou Ana, mas, no namoro de infância, Dom a chama Capitu. Fernanda Cândido está realmente linda e sensualíssima, embora eu não diria que são "de ressaca" seus olhos. No filme, ela é modelo e bailarina, o que reforça a sensualidade do personagem. A história começa quando eles se reencontram, através do amigo "ricardão" (cujo nome no filme esqueci, só sei que não é Escobar), que foi o melhor amigo de Bento na faculdade de Engenharia, mas hoje é produtor artístico e está contratando Ana-Capitu. Inicia-se o amor impetuoso de Bento por ela, e Ana também se apaixona. Marcos Palmeira faz uma narração medíocre das aventuras do seu herói. Senti muita falta nesta versão da questão da semelhança entre o menino e o amigo (supostamente seu pai), que é o fator principal da desconfiança da infidelidade por parte de Bento no livro, o que enfraquece a versão de que tudo não passou do ciúme doentio de Bento - aliás, é assim que o personagem é apresentado, como obsessivo. A crise do casal finda com a trágica morte de Ana em um acidente de carro quando vai embora com o garoto, que será criado por Bento, após rasgar o exame de DNA que esclareceria o dilema, contrariando o texto de Machado de Assis, onde Bento nunca o aceitou como filho.